De 1 a 7 de agosto celebra‑se a Semana Mundial do Aleitamento Materno, uma iniciativa promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para sensibilizar para a importância da amamentação na saúde de mães e bebés, bem como para defender políticas que a protejam e promovam.
Amamentar é muito mais do que alimentar. É um gesto ancestral, inscrito na memória biológica da humanidade, que liga mãe e bebé num fluxo de afeto, hormonas e nutrientes, estabelecendo um vínculo profundo desde os primeiros instantes de vida.
Nas tradições de saúde holística, a amamentação é vista como um ato de nutrição integral, que alimenta simultaneamente corpo, mente e espírito, promovendo regulação fisiológica, imunidade e segurança emocional, que influencia quiçá toda a vida. O leite materno é um alimento vivo, adaptado às necessidades únicas de cada bebé, e a amamentação é uma prática que protege e fortalece tanto a criança quanto a mãe. Uma inteligência natural cujo alcance a ciência continua a explorar.
Ciência confirma: aleitamento materno é fundamental
A OMS e a UNICEF recomendam o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida, com continuidade até aos dois anos ou mais, pela sua comprovada eficácia na prevenção de doenças e no desenvolvimento saudável.
Estudos recentes reforçam que crianças amamentadas exclusivamente até aos seis meses apresentam menor risco de obesidade infantil, menos gordura corporal e menor propensão a patologias como asma ou infeções respiratórias. Para a saúde materna, o impacto é igualmente positivo, com redução comprovada do risco de cancro da mama e ovário, hipertensão, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares em mães que amamentam por período prolongado.
Contexto nacional entre avanços e recuos
Apesar das evidências, o debate político em Portugal nas últimas semanas tem incluído propostas – como alterações ao regime de dispensas no trabalho para amamentação – que geram preocupação entre movimentos de defesa dos direitos maternos e profissionais de saúde.
Sob o argumento de modernização e flexibilização, algumas destas propostas poderão implicar alterações que enfraqueçam direitos atualmente consagrados, contrariando recomendações da Direção-Geral da Saúde e da Organização Mundial da Saúde.
Defender o direito de amamentar é defender a Saúde Pública
A amamentação não é apenas uma escolha individual: é uma questão de saúde pública, equidade social e até de sustentabilidade – reduz o consumo de recursos, diminui a pegada ecológica associada à produção de leite artificial e apoia o desenvolvimento saudável das próximas gerações.
Mais do que nunca, é preciso garantir que políticas futuras fortifiquem o direito de amamentar:
- Licenças parentais adequadas e pausas para amamentação protegidas por lei;
- Formação contínua para profissionais de saúde;
- Apoio especializado e acessível às mães desde a gravidez;
- Espaços públicos e de trabalho adaptados à amamentação.
Amamentar é nutrir o presente e o futuro
O aleitamento é uma das formas mais naturais – e comprovadas cientificamente – de proteger mãe e filho. Portugal deve caminhar no sentido, não de reduzir, mas de expandir esse direito. Defender o direito à amamentação é defender a saúde de gerações e o avanço civilizacional.
Foto de Helena Lopes na Unsplash
Referências:
www.contemporaryobgyn.net/view/long-term-maternal-benefits-breastfeeding
www.mdpi.com/2072-6643/16/16/2728
www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/infant-and-young-child-feeding
www.thelancet.com/series/breastfeeding
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