Vegetarianismo, por um futuro livre de crueldade animal

Por Lívia Brito, chef e empreendedora vegana

Em meados de 2012 tornei-me vegetariana, em 2016 fiz a transição para o veganismo e até hoje permaneço – com orgulho – neste caminho.

Hoje, 1 de outubro, comemoramos o Dia Mundial do Vegetarianismo, estabelecido em 1977 pela Sociedade Vegetariana Norte-Americana. O objetivo desta iniciativa passa por repensar o consumo de proteína animal, além de buscar conscientizar para uma alimentação rica em vegetais. 

A criação desta data trouxe à tona questões também relacionadas com a saúde e a sustentabilidade. O debate sobre o tema intensifica-se à medida que o movimento ganha adeptos e interessados, e os alertas de profissionais de saúde e cientistas sobre os impactos da pecuária e da pesca no planeta se revelam cada vez mais atuais.

Sabias que… 
O movimento vegetariano em Portugal começou alguns anos antes, com a criação da Sociedade Vegetariana de Portugal em 1909, no Porto, e a Sociedade Naturista Portuguesa em Lisboa, em 1912. Tanto que entre 1909 e 1935 circulou um periódico chamado “O Vegetariano”, pelo qual se disseminou a importância de questionar o consumo de animais: pela ética, pela saúde e bem estar e também por um futuro mais sustentável. Foram os primeiros sopros de brisa para uma transformação real na cozinha das pessoas.

Estima-se que aproximadamente 625 milhões de indivíduos se declaram vegetarianos, cerca de 8% da população mundial. Parece pouco, e talvez seja, mas aos poucos o movimento conquista cada vez mais integrantes. O desejo de todo o veggie é que o mundo também o seja, mas sabemos que é um sonho bastante utópico, uma vez que a indústria pecuária é um grande lobby em todo o mundo. Mas não custa sonhar e continuar a espalhar a palavra por onde quer que vamos. É a nossa forma de ativismo por aqueles que não têm voz: os animais. 

O que é um vegetariano e o que come

Um vegetariano é um indivíduo que opta por uma dieta à base de vegetais/plantas. Come tudo o que um onívoro come, com exceção dos animais (carne, peixe, frango, frutos do mar, pato, coelho etc). Dentro do movimento, entretanto, surgiram os ovo-lactovegetarianos (que comem ovos e laticínios) e variações que consomem apenas ovos ou só laticínios. Com o tempo, foram surgindo os veganos, pessoas que optaram por não consumir qualquer alimento de origem animal, bem como o uso de produtos ou espetáculos envolvendo animais.

Foto por Lívia Brito (2020)

Com um olhar cuidadoso, percebo que estar no movimento me trouxe uma nova forma também de ver o sofrimento não apenas dos animais, mas também dos nossos semelhantes. Não há libertação animal sem a libertação humana. O vegetarianismo interseccional se faz muito presente nos dias de hoje, ao conectar a luta pelos direitos humanos à proteção dos animais, especialmente diante do genocídio na Palestina (e não só), que impacta tanto pessoas quanto centenas de milhares de animais.

Não há libertação animal sem a libertação humana

Temos muito caminho pela frente para uma mudança cada vez mais consistente no que toca à questão animal. Não podemos continuar a fechar os olhos para o sofrimento de seres sencientes apenas para saciar o nosso paladar. Se olharmos bem profundamente para o tema, é um ato bastante egoísta para com seres vivos que têm o sistema nervoso tão parecido com o nosso. Ainda que perceba que o consumo de carne está bastante enraizado nas famílias mais tradicionais, cuja “cultura” vê os vegetarianos como extremistas, mantenho a esperança numa transformação – ainda que em passos lentos – na sociedade. 

E vamos lembrar que toda vez que se consome um pedaço de bife, é também uma grande parcela da Amazônia – pulmão do planeta – a ser ingerido. 

Finalizo este texto com uma receita para atrair os mais céticos: empadão de soja e legumes, o qual também chamo de Madalena (no Brasil). Acesse a receita aqui.

Se tiver dúvidas, terei muito gosto em ajudar, enviem-me mensagem no Instagram ou para liviavegan@gmail.com. 

Desejamos um futuro livre de crueldade animal, uma sociedade mais empática uns com os outros e mesa farta – de origem vegetal – em todas as famílias.

Um bem haja, e feliz dia do vegetarianismo.

Foto em destaque de Maddi Bazzocco


Discover more from Prana Magazine

Subscribe to get the latest posts sent to your email.