Fitoterapia e Aromaterapia: uma reflexão

2020 é o bissexto “sob o ciclo de Saturno” de que queremos ver-nos livres, mas também tem trazido, como sabemos, aprendizagens valiosas. A fechar o Ano Internacional da Fitossanidade, aprendemos mais sobre Fitoterapia e o maravilhoso mundo curativo das plantas

Por Ana João

Fitoterapia

Palavra derivada do grego ‘phyton’ (vegetal) e ‘therapeia’, a Fitoterapia consiste no tratamento de doenças e preservação da saúde através do uso das plantas, tanto sob a forma de alimentação (a mais básica das medicinas), como de extratos ou suplementos alimentares.

“Usadas na prevenção e cura de doenças em toda a História da Humanidade, as plantas foram o primeiro medicamento do Homem, e a história da Fitoterapia é também a história da Medicina”, afirma Manuela Soares, terapeuta holística e formadora.

Encarada uma prática ainda alternativa pela Medicina convencional, que privilegia a abordagem farmacêutica moderna de isolamento de princípios ativos (correndo, por vezes, o risco de efeitos secundários que podem constranger a uma polimedicação, sobretudo nos idosos…), a Fitoterapia considera o totum vegetal (o todo intracitoplasmático das células vegetais, todos os organelos constituintes, vitaminas, minerais, oligoelementos, enzimas e substâncias fitoquímicas) e é estrutural na Medicina Tradicional Chinesa e na Medicina Ayurveda.

“Ao contrário dos fármacos, que se compõem unicamente por ingredientes ativos, as plantas medicinais contêm ingredientes diferentes, enzimas e propriedades químicas que são benéficas a diferentes órgãos”, sustenta Manuela Soares. “Proporcionam efeitos terapêuticos muitas vezes superiores aos medicamentos e por períodos mais extensos, com pouquíssimos efeitos colaterais.”

Segundo a formadora, “deve-se promover a utilização integral de todas as substâncias existentes numa planta medicinal, pois conjugadas permitem a sua atividade terapêutica”.

Fitossanidade

Apenas lentamente o Ocidente e a Organização Mundial de Saúde começam a dar espaço à evidência clínica e científica da Fitoterapia, mas uma coisa é certa: em 2020, proclamado Ano Internacional da Fitossanidade pela Organização das Nações Unidas, o Mundo ficou mais consciente de que “temos de respeitar o nosso ecossistema” – já ajuizava o Almanaque Borda d’Água: “Andámos a fazer tudo mal, pois erradicamos as pragas que comiam as culturas e aplicámos químicos para que crescessem, mas andámos a envenenar-nos”, explicava, pedindo “vida sã em corpo são”…

Sem esquecer, claro, se possível, o valor do biológico. Como notava o Cartola do almanaque, do alto dos seus agora 92 anos, biológico “não é só o selo que se põe nos produtos”: “é um estado de alma de quem se destina e faz para si e para os outros o tratamento da terra e a sua nutrição e lhe dá vida de uma forma sustentável, sem nunca precisar do uso de um único pesticida.”

Aromaterapia

A Aromaterapia, ramo da Fitoterapia, consiste no uso de óleos essenciais das plantas em processos de cura do corpo e da mente humana (não confundir com essências aromáticas, desprovidas de efeitos terapêuticos!).

O conceito mais contemporâneo de Aromaterapia foi introduzido pelo químico francês René-Maurice Gattefossé, autor do livro Aromatherapie, publicado em 1937. Na década de 1920, ao sofrer um acidente no seu laboratório, Gattefossé providencialmente mergulhou o braço ferido num pote com óleo de lavanda – e, mesmo já conhecendo a capacidade terapêutica do mesmo, o químico ficou surpreso com a velocidade e capacidade de regeneração celular que o óleo proporcionou. Daí a ser considerado o Pai da Aromaterapia foi um passo.

Utilizar as propriedades aromáticas dos óleos essenciais para restabelecer e melhorar a saúde mental, emocional, física ou espiritual, é uma prática que faz cada vez mais sentido para quem tenta viver de modo mais integrado com a Natureza e curar-se através dela, nas suas formas mais puras.

Como nota o Verdadeiro Almanaque, “a natureza deu-nos todas as ferramentas para podermos fazê-lo”…

Atenção

No que respeita à Fitoterapia, é necessário uma avaliação criteriosa das plantas e evitar a colheita em locais poluídos, sob pena de poder agredir o organismo em vez de o curar.

Cuidado também com o uso das plantas medicinais em concomitância com fármacos convencionais. O médico e/ou o terapeuta devem sempre ser informados sobre todos os remédios e suplementos tomados.


Discover more from Prana Magazine

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Deixe um comentário