Por Diana Carneiro, professora de Yoga | The Ocean Yoga
Pratyahara é um termo do Yoga que se refere ao quinto dos oito membros do sistema do Yoga descrito por Patanjali nos Yoga Sutras. É frequentemente traduzido como “retirada dos sentidos” ou “controle dos sentidos”. Esta prática envolve direcionar a atenção dos sentidos externos para o mundo interno, procurando controlar a perceção sensorial.
A prática de pratyahara consiste em desviar a atenção dos estímulos externos que atuam nos sentidos físicos (visão, audição, olfato, tato e paladar) e direcioná-la para dentro, para a consciência interna. Praticar pratyahara permite uma desconexão temporária dos estímulos sensoriais externos para alcançar um estado de maior introspeção e tranquilidade.
Como praticar pratyahara
Algumas maneiras de praticar pratyahara incluem:
Foco num só ‘objeto’, que pode ser a respiração, um mantra, um objeto simples ou um ponto específico. Isto ajuda a direcionar a atenção para algo interno, desconectando dos estímulos externos.
Atenção plena (mindfulness): praticar a atenção plena em atividades diárias. Por exemplo, à refeição, concentrar-se completamente na experiência de saborear a comida, sem distrações, nomeadamente sem ver televisão, ler um livro ou vaguear pelas redes sociais. Isto treina a mente para estar presente no momento, afastando-se de estímulos externos.
Desconexão sensorial: reduzir a estimulação sensorial. Por exemplo, permanecer num ambiente tranquilo, com pouca luz, ouvindo sons suaves (ou notando o silêncio) e fechando os olhos ou usando uma máscara para limitar a visão. Reduzir a quantidade de estímulos sensoriais externos ajuda na prática de pratyahara.
Retiro temporário: reservar um tempo específico para “desligar” dos dispositivos eletrónicos e de outras fontes de estímulo externo. Esta é uma oportunidade para praticar atividades mais introspetivas, como leitura, arte, ou mesmo simplesmente sentar-se em silêncio.
Consciência corporal: praticar a consciência do corpo, através de posturas de Yoga (a designada prática de asana, o terceiro membro do sistema de Patanjali) ou outras formas de movimento consciente. Isso ajuda a direcionar a atenção para dentro do corpo, afastando-se das distrações externas.
É importante ressaltar que a prática de pratyahara é um processo gradual. Devemos começar com pequenos períodos de tempo e, com o tempo e a prática regular, conseguiremos aprofundar a capacidade de nos desconectarmos dos estímulos externos e direcionar a nossa atenção para o mundo interno.
Existe diferença entre meditação e pratyahara?
Muitas das técnicas descritas acima para praticar pratyahara são amplamente usadas quando falamos em praticar meditação. De facto, o termo meditação engloba, na linguagem comum, práticas de pratyahara e de dharana (concentração, o sexto membro do sistema de Patanjali).
Meditação e pratyahara estão interligadas no contexto do Yoga, mas representam aspectos diferentes da prática.
O resultado de pratyahara é a desconexão dos sentidos do mundo externo para direcionar a atenção para o mundo interno. Não significa necessariamente alcançar um estado meditativo, mas é uma preparação para tal, já que permite que a mente se afaste dos estímulos externos. Só com essa separação é que a mente se consegue focar nela própria.
Meditação, ou dhyana, é o sétimo membro do sistema do Yoga descrito por Patanjali nos Yoga Sutras. É um estado de consciência em que se atinge clareza mental, calma e foco. Não pode ser praticado, apenas experienciado.
Meditação é algo que nos acontece, não é algo que façamos acontecer.
Mas há passos anteriores que nos conduzem a este estado de Meditação. Pratyahara é um deles. Dharana, o sexto membro, é outro.
Em resumo, enquanto a meditação é um estado de consciência focado e tranquilo, pratyahara é um passo preliminar, uma prática que envolve a retirada dos sentidos do mundo externo para abrir caminho para a meditação, facilitando a concentração e o controle mental necessários para alcançar estados meditativos mais profundos.
Experimenta esta prática de abstração dos sentidos usando a técnica de foco na contagem da respiração.
Foto de Felipe Borges
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