Por Jyoti, professora de Yoga*
5 minutos de leitura
Quando ouves a palavra yoga, o que te vem à cabeça? Que imagens te surgem? Aposto que pensas em alguém a fazer posturas num tapete. Acertei? Quando ouço a palavra yoga, também penso imediatamente nas posturas físicas – mesmo sabendo que o yoga é muito mais do que isso. Mas é através desta lente que o yoga nos é “vendido” no Ocidente, por isso faz sentido que, para a maioria de nós, yoga signifique “fazer posturas num tapete”.
O que significa āsana
Nos Yoga Sūtras, Patañjali explica cada ramo do Yoga com diferentes níveis de detalhe. Ele menciona āsana numa única frase – duas palavras, para ser exata. Sim, a visão que temos de yoga baseia-se num único verso entre os 196 sūtras.
A frase sobre āsana é “sthira-sukham āsanam”, que se traduz como “uma postura estável e confortável”.

Por si só, āsana significa “assento”. Nos Yoga Sūtras, é descrito como um assento ou postura que deve ser estável e confortável.
Através da prática das várias āsanas, fortalecemos o corpo e tornamo-lo mais flexível, o que nos permite permanecer sentados por longos períodos de tempo sem desconforto. Quando o corpo está tranquilo, conseguimos concentrar-nos nos outros ramos do Yoga, mantendo a mente estável e focada, sem distrações causadas por dores ou tensões físicas.
Não praticamos āsanas para conseguir fazer uma invertida, uma handstand, uma crow pose ou qualquer outra postura instagramável. Não há nada de errado em desejar alcançar essas posturas, o problema surge quando isso se torna o único objetivo. É aí que perdemos de vista o verdadeiro propósito do yoga.
Quais os benefícios das āsanas
Na prática de āsana existem diferentes grupos de posturas, cada um com os seus benefícios:
Asanas de pé fortalecem e alongam os músculos das costas, ombros e pernas. São especialmente úteis para quem passa muito tempo sentado ou tem dores lombares ligeiras. Melhoram a postura, o equilíbrio, a coordenação muscular e a capacidade pulmonar.

Asanas de flexão para a frente usam a gravidade para libertar tensão e dor. São posturas introvertidas, que comprimem o peito, promovem a expiração e induzem relaxamento. Soltam as costas, melhoram a circulação em torno da coluna e massageiam os órgãos abdominais. É importante dobrar-se a partir da cintura, e não das ancas.

Asanas de flexão para trás alongam os músculos abdominais e fortalecem os músculos que sustentam a coluna. Como o corpo se abre para o mundo exterior, são posturas estimulantes e extrovertidas, que expandem o peito e favorecem a inspiração.

Asanas de torção da coluna estimulam os nervos espinhais e melhoram a flexibilidade vertebral. Também promovem o fluxo de prāṇa na zona do umbigo, nutrindo órgãos digestivos – estômago, rins, pâncreas, intestinos, fígado, vesícula biliar – e aliviando perturbações associadas.

Asanas de equilíbrio melhoram a coordenação muscular e a postura. Também reduzem o stress e a ansiedade, pois a concentração necessária para executá-las desenvolve equilíbrio físico, mental e emocional.

Asanas invertidas direcionam o fluxo sanguíneo para o cérebro, nutrindo os neurónios e eliminando toxinas. Como nos colocam literalmente de cabeça para baixo, oferecem uma nova perspetiva – e, por isso, são revigorantes e revitalizantes. Podem ainda aumentar o poder mental, a concentração e a autoconfiança.

Asanas de relaxamento relaxam a coluna e as suas estruturas associadas. Passamos grande parte do tempo a acumular tensão, por isso é fundamental incluir estas posturas na prática.

Exemplos dos diferentes grupos de asanas
Asanas de relaxamento
- Śavāsana (postura do cadáver) – a mais conhecida, usada no final da prática para integrar os efeitos das posturas e relaxar profundamente corpo e mente.
- Makarāsana (postura do crocodilo).
- Supta Baddha Konasana (postura reclinada do ângulo ligado).
Asanas de pé
- Tāḍāsana (postura da montanha) – base de muitas outras posturas de pé; trabalha o alinhamento e o enraizamento.
- Vīrabhadrāsana I, II e III (as posturas do guerreiro).
- Utthita Trikoṇāsana (postura do triângulo estendido).
Asanas de flexão para trás (extensões)
- Bhujangāsana (postura da cobra) – fortalece a coluna e abre o peito, estimulando o sistema nervoso.
- Uṣṭrāsana (postura do camelo),
- Dhanurāsana (postura do arco),
- Setu Bandhasana (postura da ponte).
Asanas de flexão para a frente
- Paścimottānāsana (flexão sentada para a frente) – alonga toda a parte posterior do corpo e acalma o sistema nervoso.
- Uttānāsana (flexão em pé para a frente).
- Jānu Śīrṣāsana (cabeça ao joelho, na foto em destaque),
- Padāṅguṣṭhāsana (agarre dos dedos dos pés).
Asanas de torção da coluna
- Ardha Matsyendrāsana (meia torção do senhor dos peixes) – estimula a digestão e melhora a mobilidade da coluna.
- Marīchyāsana (postura de Marichi),
- Supta Matsyendrāsana (torção reclinada).
Asanas de equilíbrio
- Vṛkṣāsana (postura da árvore) – fortalece o tronco e melhora o foco mental.
- Garudāsana (postura da águia),
- Utthita Hasta Padāṅguṣṭhāsana (mão ao dedo grande do pé),
- Natarājāsana (postura do dançarino).
Asanas invertidas
- Śīrṣāsana (postura sobre a cabeça) – considerado o “rei das posturas”; estimula o cérebro e melhora a circulação.
- Sarvāṅgāsana (postura sobre os ombros, “rainha das asanas”),
- Viparīta Karaṇī (postura das pernas elevadas contra a parede),
- Adho Mukha Vṛkṣāsana (equilíbrio sobre as mãos).
Cada āsana traz inúmeros benefícios – físicos, mentais e emocionais – e é por isso que as praticamos.
*Artigo adaptado do original publicado pelo parceiro ekotexyoga.co.uk. Foram acrescentados exemplos dos diferentes grupos de asanas.
Foto em destaque: Jānu Śīrṣāsana por Belloso & Herchen GbR.
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