Dança!

Dançar é mais do que uma atividade física – é uma expressão do corpo e da alma. Neste Dia Mundial da Dança, exploramos duas abordagens que vão além do movimento: a Biodanza e a Dança Movimento Terapia.

Biodanza

“O que aconteceria se, em vez de apenas construirmos a nossa vida, nos entregássemos à loucura ou à sabedoria de dançá-la?” Esta frase do pensador Roger Garaudy (1913-2012) ilustra a proposta da Biodanza, “um sistema de desenvolvimento humano baseado na dança, no movimento, na música e em vivências integradoras”.

A definição é dada por Nuno Pinto, facilitador titulado pela International Biocentric Federation (IBFed) com mais de 20 anos de experiência, que defende: “A vida fica mais fácil e saudável quando é dançada. Aliás, um dos problemas do homem urbano é ter-se afastado do movimento.”

Na Biodanza, a dança e o movimento são usados como instrumentos para criar transformações existenciais na vida, estimulando a renovação orgânica e a alegria de viver, promovendo a saúde e o bem-estar. A prática nasceu em 1965, quando o antropólogo chileno Rolando Toro resolveu testar a dança num grupo de pessoas com doença mental e teve uma resposta surpreendente, mais rápida e eficaz que outras linhas terapêuticas testadas até então.

“Na primeira parte, começamos com movimentos ativos, rítmicos, alegres, expressivas, que vão estimular a adrenalina, a ação, o ímpeto” gerando um efeito antidepressivo, explica Nuno Pinto, que dirige a Escola de Biodanza SRT – IBFed Porto. Na segunda parte de uma sessão, “as músicas e os movimentos deixam de ser tão rítmicos e passam a ser mais melódicos, estimulando a produção da serotonina, um neurotransmissor calmante, repousante, assim como a oxitocina, favorecendo o vínculo e a pertença, com efeito no reforço da autoestima e no combate à solidão”.

A prática procura proporcionar “uma renovação orgânica profunda, uma transformação da forma como vivemos no dia-a-dia”, considera o facilitador e formador. “Toda a gente devia praticar Biodanza, pois, mais do que uma dança, é uma prática de desenvolvimento e expressão humana.”

A Biodanza não é considerada uma terapia, pois, ”na génese, estimula-se a dimensão saudável do indivíduo”, mas existe uma outra vertente, “a Biodanza clínica – aplicada por médicos, enfermeiros, psicólogos, psiquiatras, psicoterapeutas e outros especialistas de saúde –, que intervém em patologias do foro mental, psíquico e físico”. Pode ser aplicada “em pessoas com as mais variadas condições, pois estimula o corpo e a mente, contraria a tendência degenerativa”, refere Nuno Pinto.

Dança Movimento Terapia 

A Dança Movimento Terapia (DMT) é uma “terapia psicodinâmica ou humanista” que “nasce essencialmente da união entre a dança e Psicologia”, explica Lisa Bompastor, psicoterapeuta e dançaterapeuta. 

A DMT teve início na década de 1940, a partir de aulas de dança dadas pelas bailarinas Marian Chace e Mary Whitehouse em contextos psiquiátricos. “Os médicos puderam observar que os doentes na sessão eram mais capazes de expressar os seus sentimentos e comunicar com os outros.”

“A DMT baseia-se principalmente na conexão entre movimento corporal e emoção, e procura uma integração psicofísica do indivíduo, podendo levar a mudanças psicológicas, promovendo saúde e desenvolvimento pessoal”, refere a especialista. “Pode ser aplicada a “qualquer pessoa, independentemente do seu estado físico e psíquico, que deseje melhorar a sua qualidade de vida”.

“As sessões podem ser individuais ou em grupo – dependendo das necessidades de cada um”, adianta a especialista. “Através do movimento e da dança, o mundo interior da pessoa torna-se mais acessível, partilha-se o simbolismo pessoal e mostram-se os modelos de relações pessoais com os outros. Encontram-se significados em gestos, posturas e qualidades de movimento. No contexto de uma relação terapêutica, o paciente toma consciência da forma como estabelece e mantém relações interpessoais.”

Dançar é bom para todos

Independentemente do estilo ou do objetivo, dançar é benéfico para todos, e um convite à liberdade, à saúde e ao bem-estar. Por que não dar o primeiro passo hoje?

Foto de Scott Broome


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