Por Patrícia Vaz, terapeuta de Medicina Ayurveda

Dos diferentes tipos de terapias mencionadas nos textos antigos do Ayurveda, a terapia de oleação (snehana) é o procedimento mais comum.

Consiste na aplicação de substância de qualidade oleosa (sneha dravyas) com o intuito de provocar o aumento de oleosidade, fluidez, maciez e humidade no corpo humano. Além de a oleação ser utilizada como preparação de procedimentos de purificação (panchakarma) e de pacificação (shamana), é fortemente recomendada no contexto de rotina diária como parte da manutenção da saúde.

Abhyanga é o termo para o procedimento de aplicação de óleo, em todo o corpo ou parte específica, e em direção específica. Os óleos a serem aplicados são específicos de acordo com a constituição individual e/ou desequilíbrio ou patologia e devem ser aplicados mornos. Por norma, para indivíduos de constituição maioritariamente Vata é aconselhado óleo de sésamo, para Pitta, girassol ou coco, e para Kapha, óleo de mostarda.

Quando e como aplicar?

A aplicação de óleo é aconselhada como parte da rotina matinal e deve ser feita preferencialmente em todo o corpo antes do banho, ou zonas específicas, em especial:

• Cabeça: bom para cabelos e órgãos sensoriais;


• Orelhas: especial benefício para mandíbula, torcicolo, dores de cabeça e de ouvido;


• Pés: promove um sono mais profundo e melhora visão.

A sua prática regular é aconselhada, pois promove:

• Uma boa visão;


• Nutrição e rejuvenescimento do corpo;


• Indução de sono reparador;


• A saúde da pele;


• Vitalidade;


• Atraso do processo de envelhecimento;


• Alívio da fadiga psicológica e mental;


• Remoção de toxinas;


• Equilíbrio do dosha Vata;


• Aumento da força dos tecidos.

São mais que boas razões para incluíres a automassagem como parte do teu dia-a-dia. A vida atual tem exigências que causam grande desgaste ao organismo e esta prática além de rejuvenescedora, aumenta a força e virilidade. Promove a desobstrução do acumulo do fluxo de energia, criado pelo stress e tensão que podem provocar desconforto e dor.

Esta prática deve ser, porém, evitada em pessoas com agravamento do dosha Kapha, sintomas de indigestão, congestionamento e excesso de muco.

Como posso realizar a minha automassagem?

Não é a mesma sensação de receber uma massagem realizada por um terapeuta… mas não é necessário ser um profissional para esta prática diária. Aconselho, sim, a aplicar consciência e intenção.

Pés e tornozelos – massajar plantas dos pés com alguma pressão, entre
dedos e à volta dos tornozelos;

Pernas – movimentos circulares dos tornozelos em direção à anca;

Abdómen – movimentos circulares no sentido dos ponteiros dos relógios;

Costas – movimentos descendentes na zona lombar. Na parte superior das costas, onde chegar;

Mãos – massajar a palma com o polegar da mão oposta em círculos. Massajar toda a mão e dedos;

Pulso – com a mão oposta a agarrar todo o punho, friccionar em torno dele;

Braços – movimentos circulares desde punho até ombro, envolvendo este também;

Peito – movimentos circulares ao redor do peito;

Pescoço – movimentos circulares com as duas mãos em simultâneo na parte posterior do pescoço;

Rosto – movimentos gentis e circulares. Massajar têmporas com suavidade, sobre as sobrancelhas, ao redor dos olhos e não esquecer as orelhas;

Cabeça – especial atenção a quem apresenta mente muito agitada, ansiedade e tensão. Pressões com as pontas dos dedos como se a aplicar champô. Pressão com toda a palma da mão e movimentar suavemente o couro cabeludo. Realizar pressões com as duas mãos em simultâneo, em seguida de alívio.

Este pequeno investimento de tempo no seu dia é reembolsado pelos seus efeitos. Quem não ambiciona retardar envelhecimento, sentir-se mais ativ@, com menos stresse e consequentemente mais satisfeit@ com a vida?

Mais do que uma rotina, é um ritual! Um momento de amor contigo própri@.

Ler também:

Shirodhara: um simples fluxo sobre a testa, um efeito tão intenso