Por Federação Portuguesa de Yoga
Yoga clássico ou Ashtanga Yoga
Como é definido no Yoga-Sûtra de Pantajali (c. séc. III-V), o Yoga é a capacidade de direccionar a mente sem distracção ou interrupção; por outras palavras, o Yoga é a cessação das flutuações da mente. O Yoga-Sûtra de Patañjali pode ser visto como um guia para a prática: concentrando-se na mente, nas suas qualidades e em como a podemos influenciar, é uma exposição da utilização de recursos humanos naturais, a fim de habilitar o Homem a ultrapassar os seus condicionamentos.
Segundo Patañjali, existem oito etapas de progressão no Yoga. Estas etapas são mais conhecidas por Ashtanga Yoga (ashta = oito, anga = ramos/membros).
Os oito ramos/membros
- Yama: Refreamentos ou comportamento ético
- Ahimsâ – Não violência
- Satya – Procura da verdade
- Asteya – Abstenção do roubo e da cobiça
- Bramacharya – Moderação
- Aparigrahah – Desapego
2. Niyama: Observâncias pessoais
- Shaucha – Purificação
- Samtosha – Contentamento
- Tapas – Disciplina
- Svâdhyâya – Estudo
- Îshavara Pranidhâna – Entrega ao Espírito Universal
3. Âsana: Postura
4. Prânâyâma: Controlo da respiração
5. Pratyâhâra: Recolhimento dos sentidos
6. Dhârâna: Concentração
7. Dhyâna: Meditação
8. Samâdhi: Êxtase, fusão.
História do Yoga
Embora difíceis de estabelecer, as origens do Yoga estão de certa forma ligadas aos períodos principais da história da Índia:
- Era Pré-Védica (6500-4500 a.C.)
- Era Védica (4500-2500 a.C.)
- Era Brahmânica (2500-1500 a.C.)
- Era Pós-Védica ou Upanishadika (1500-1000 a.C.)
- Era Pré-Clássica ou Épica (1000-100 a.C.)
- Era Clássica (100 AEC-500 d.C.)
- Era Tântrica/Purânica (500-1300 d.C)
- Era Sectária (1300-1700 d.C.)
- Era Moderna (1700-hoje)
Apesar de haver documentos que atestam a existência do Yoga na época Védica (c. 4000 a.C.), como, por exemplo, no Rig-Veda, uma das escrituras mais antigas e sagradas da Índia, as primeiras alusões explícitas ao Yoga encontram-se nos Upanishad mais antigos, também conhecidos por Upanishad védicos, que datam de cerca de 1500-1000 a.C.
Durante a era Pré-Clássica ou Épica, o pensamento metafísico e ético entrou em efervescência na Índia, o que permitiu um confronto entre as diversas escolas religiosas e filosóficas (darshanas). Ao mesmo tempo, nessa época surge também uma tendência de integração de muitos caminhos psicoespirituais, particularmente de duas grandes correntes que eram, por um lado, a renúncia ao mundo, e por outro, a aceitação das obrigações sociais (dharma). Foi neste contexto que ocorreu o desenvolvimento Pré Clássico do yoga. Um exemplo da integração das doutrinas encontra-se numa das principais epopeias da Índia, o “Mahâbhârata” do qual faz parte o Bhagavad-Gîta, onde podemos encontrar inúmeras alusões ao Yoga, nomeadamente ao Karma Yoga, Jñâna Yoga e Bhakti Yoga.
Por volta dos séculos III e V da nossa Era, encontramos um dos mais importantes tratados sobre o Yoga, o Yoga-Sûtra, que foi sistematizado por Patañjali. Este texto é considerado um texto essencial do Yoga Clássico. Outro tratado importante de Yoga é o Hatha yoga Pradîpikâ (c. Séc. XIC-XV). Estes dois textos não são os únicos escritos especificamente sobre o yoga, mas são aceites como sendo textos importantes sobre o yoga hindu.
O tratado de Patañjali (Yoga-sutra) é uma das seis darshanas da Índia. Darshana significa “visão ou ponto de vista”. Essencialmente as darshanas são pontos de vista sobre a Revelação védica, e são elementos fundamentais na filosofia clássica hindu, mas não são sistemas filosóficos segundo o padrão da filosofia ocidental. No Yoga-Sûtra, Patañjali juntou, classificou e codificou uma série de práticas ascéticas que já existiam há milhares de anos na Índia e que são hoje conhecidas por Raja Yoga. Segundo Patañjali, o Raja Yoga ou Yoga real é composto por oito membros ou ramos, mais conhecidos por Ashtanga Yoga.
O Tantrismo ou Tantra desenvolve-se por volta de 500-1300 E.C., tendo sido rapidamente assimilado por todos os movimentos religiosos da época. A redescoberta do princípio feminino na filosofía e prática de yoga por parte do movimento tântrico em meados do primeiro milênio d.C. abriu caminho para o movimento Bháktico durante a Era Sectária. Este movimento de devoção religiosa moveu grandes comunidades sectárias, particularmente os Vaishnavas e os Shaivas.
É geralmente aceite que o Yoga moderno começou em 1893, quando Swami Vivekananda foi ao Congresso das Religiões nos Estados Unidos, em Chicago. Antes de Vivekananda houve outros yogis que atravessaram o oceano na direcção da Europa, mas a sua influência em termos de divulgação do Yoga foi limitada. A participação de Vivekananda no Congresso das Religiões abriu portas para outros yogis que começaram a vir para o ocidente. Após Vivekananda, o yogi com mais evidência foi Paramahansa Yogananda, que chegou a Boston em 1920, e cinco anos mais tarde abriu a Self-Realization Fellowship.
Foto de A frame in motion
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